Como é que
chegaste a isto? Falhaste. Estás a falhar. Estás a ruir pelos teus próprios
alicerces. Toda a tua estrutura treme como algo que procura o equilíbrio perdido
durante um terremoto súbito. Não há canto onde te abrigues. Estás ali no meio,
no olho do terremoto, fustigada por ondas de choque que vêm de todos os lados e
que vão para todos os lados. Só te resta subsistir, protegeres-te com as mãos
dos objectos que voam, das paredes que caiem, do chão que te foge. Ai, pobre
União, aí sozinha no meio do terremoto. Não há quem te valha? Não haverá quem
te possa acudir? Não reconheces que és culpada do teu próprio fadário? Não
reconheces que o alimentaste com a tua retórica torta, com o atropelar dos teus
próprios princípios, com o teu foco cego, desmedido e indomável no freio
orçamental que colocaste aos teus alicerces? Ó União, como não vês que este
chão que se fende à tua frente e te coloca à beira de um abismo sem fim foi
causado por ti mesmo. Fugiu-te um alicerce e desequilibrou-te a trave-mestra. Como
é que o deixaste fugir? Como é que não soubeste prever que te desertaria se
continuasses a fazer de conta com todos os problemas que afligiam a tua fundação,
se continuasses unicamente preocupada com o freio orçamental que colocaste em
todo o lado e que redobrou o peso e o esforço sobre cada alicerce? Como é que
não viste que te desertaria se continuasses a ignorar a mudança de pensamento
que floresceu em todo o lado, o crescente abandonar da entreajuda entre os teus
alicerces, o erguer da aversão entre aqueles que ficam na parte de cima contra
aqueles que ficam na parte de baixo?
Não viste
nada. Continuaste a insistir no que já não surtia efeito. Substituíste a
pedagogia pela demagogia, ameaçaste em vez de aliciares, focaste-te no que
perdiam em vez do que ganhariam, falaste do dinheiro e da despesa em vez de
falares dos princípios, da paz, da força e do futuro. O alicerce desconfiou do
teu discurso torcido e abandonou a tua fundação. Agora tremes. Sofres um
terremoto que não sabes como acabará, como te deixará no fim. Segura-te aos 27
alicerces que te restam. Redistribui o peso e volta a equilibrar a tua
trave-mestra. Reconhece onde falhaste, onde continuas a falhar. Muda o teu
discurso, a tua visão e a tua intenção. Volta às ideias que primeiro te ergueram
e te transformaram num sonho corpóreo, que embelezaram por onde te construíste
e apaziguaram por onde actuaste. Volta a essas ideias. Lembra-te do passado, do
que foi antes de ti. Pensa no que pode voltar a ser sem ti. Tremes agora porque
já não há nada a fazer. Caiu-te esse alicerce, esse que era um dos teus mais
fortes e queridos. Deixa o orgulho de parte. Concentra-te no que importa. Aguenta
essas ondas de choque que te afligem. Acredita nos alicerces que te sobram.
Acredita que se mudares podes persistir. Tudo depende ti. Do que agora
decidires. Nunca foi tão importante. Nunca tão concludente. O terremoto que te desequilibra
será parte da história, mas essa história ainda está por escrever. Não temas. Enfrenta
o desafio. Faz ruir as fronteiras que querem voltar a erguer-se, essas,
malditas, que já tanto custaram. Dá a volta ao conservadorismo que te tornou
negro o coração. Volta a inspirar. A apontar o caminho. Volta a levar longe
aqueles que, sozinhos, agarrados ao seu único alicerce, nunca terão força para
ir a lado nenhum. Volta a ser uma união e a escancarar as portas do futuro. Ainda acreditamos.
Inpirador de facto , o problemas é estarmos a ser governados por gente a quem os valores que citaste lhes passam ao lado , e onde só pensam em números
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